terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Nossos cursos de pós 2011 estão com inscrições abertas!



Cursos de Pós-Graduação 2011

Teoria Psicanalítica e as Psicoterapias na Idade Adulta
Duração: 7 semestres
Frequência: Semanal
Seminários: 7
Supervisão: Semanal
Carga horária teórica: 735 horas
Dias: Terças e Quintas-feiras, das 8h às 13h45


Teoria Psicanalítica e as Psicoterapias da Infância e Adolescência
Duração: 7 semestres
Frequência: Semanal
Seminários: 7
Supervisão: Semanal
Carga horária teórica: 735 horas
Dias: Terças e quintas-feiras, das 8h às 13h45


Teoria Psicanalítica na Clínica Psicoterápica
Duração: 7 semestres
Frequência: Quinzenal
Seminários: 6
Supervisão: Semanal ou Quinzenal
Carga horária teórica: 486 horas
Dias: Sábados, das 8h às 18h


Psicanálise das Configurações Vinculares
Duração: 5 semestres
Frequência: Semanal
Seminários: 5
Supervisão: Semanal
Carga horária teórica: 400 horas
Dias: Sexta-feiras, das 13h às 18h30


Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica
Duração: 5 semestres
Frequência: Quinzenal
Seminários: 4
Supervisão: Semanal ou Quinzenal
Carga horária teórica: 400 horas
Dias: Sábados das 8h às 18h15


*Cursos a serem realizados em Caxias do Sul:

-Teoria Psicanalítica na Clínica Psicoterápica
Duração: 4 semestres
Frequência: Semanal
Seminários: 6
Supervisão: Semanal ou Quinzenal
Carga horária teórica: 486 horas]
Dias: Terças e quintas-feiras, das 8h às 18h


Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica
Duração: 4 semestres
Frequência: Semanal
Seminários: 4
Supervisão: Semanal ou Quinzenal
Carga horária teórica: 400 horas
Dias: Terças e Quintas-feiras, das 8h às 18h15




Informações sobre os critérios de seleção para os cursos de especialização 2011 pelo fone 3019-5344 ou pelo e-mail ensino@contemporaneo.org.br

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

LUTO

Assim como a sexualidade, a morte é um assunto que carrega em si vários tabus, mesmo que façamos parte de uma sociedade desenvolvida e culta. Este é um assunto muito pouco agradável aos ouvidos e acredito que a todos os demais sentidos. Com bastante freqüência
Freud diz que o luto, de modo geral, é a reação à perda de alguém querido, de alguma abstração ou o ideal de alguém. Desta forma, o trabalho do luto consistiria em que toda a libido seja retirada do objeto e transferida para outro, o que é sabido por todos que trabalham nesta área, é bastante penoso. Ninguém deseja de bom grado abandonar um objeto amado, mesmo que lhe seja acenanda uma outra posição. Segundo Freud, essa oposição pode ser tão intensa, que originaria alguns transtornos bastante sérios citando principalmente os processos de melancolia.
John Bowlby divide o luto em quatro etapas:
1) Fase inicial de desespero agudo;
2) Fase em que há um desejo intenso pela presença do falecido e busca por esse;
3) Fase de desorganização e desespero. É como se aqui a ficha caísse e a pessoa começa a assimilar a realidade da perda;
4) Fase da reorganização, na qual os sentimentos agudos da perda começam a desaparecer e a pessoa se sente voltando à sua vida normal. Nesta fase o falecido é lembrado com alegria, bem como com tristeza, e há uma internalização da imagem da pessoa perdida. Uma passagem suficientemente boa destas fases vai depender muito dos vínculos e das vivências entre todos os envolvidos no processo.

No luto patológico o que acontece é uma incapacidade na transposição das fases já ponderadas ou um adiamento do referido luto. Frequentemente, vemos que defensivamente a tristeza é substituída por excessiva praticidade e até mesmo frieza, o que só nos confirma a utilização de mecanismos inconscientes que têm por objetivo tornar menos dolorosa a angústia de aniquilamento pela perda do objeto amado. Não só isto, mas possivelmente a própria finitude, uma vez que a morte sempre remete-nos a nossa própria fragilidade.
Decorrem também nos processos patológicos, daí já uma vivência excessivamente destruidora do luto, sentimentos de culpa e remorso. Nestes casos, quando aquele que fica imagina que deveria ter morrido no lugar do outro ou quando as vivências anteriores não foram satisfatórias, há remorsos, lembranças ruins e fracassos irrecuperáveis.
Nenhuma relação entre dois seres complexos pode ser simples, portanto também uma perda nunca tem um resultado linear ou totalmente previsível. A morte revela, ou configura a destruição, a ruptura de um vínculo, no real, objetivo e concreto, entretanto, há um lugar no espaço do simbolismo daquele que fica e isto não cessa de acontecer.
Quando me foi solicitado escrever sobre este tema pensei em ler um pouco e me preparar um pouco e encontrei uma citação em Sanders(1999), que particularmente me identifico e acredito que seja assim que nossos pacientes se sentem quando enlutados:

“A dor de uma perda é tão impossivelmente dolorosa, tão semelhante ao pânico, que tem que ser inventadas maneiras para se defender contra a investida emocional do sofrimento. Existe um medo de que se uma pessoa alguma vez se entregar totalmente a dor, ela será devastada- como que por um maremoto enorme- para nunca mais emergir para estados emocionais comuns outra vez”.
Na literatura nós encontramos estudos sobre dores e lutos que se prestam para a elaboração. Mas dor é dor; e em cada um vai doer de um jeito muito particular. Mesmo que recorramos aos nossos escritos elucidativos técnicos e teóricos, nossos pacientes, amigos, e nós mesmos viveremos nossas perdas como for possível. É importante uma compreensão não só analítica, mas também humana do processo do luto, posto que ele se presta a varias situações de perdas e não tem tempo de duração. Vai depender das condições de cada um para a realização do que se pode chamar de trabalho do luto ou elaboração das perdas.




JANICE MARTINI
ESPECIALISTA EM PSICANÁLISE VINCULAR
MEMBRO CORPO CLÍNICO

Feliz Natal!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Matéria feita com a psicóloga do Contemporâneo, Maria Isabel Mattos

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Geral&newsID=a3020476.xml

Matéria feita com o psquiatra do Contemporâneo, César Bastos.

http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/bem-estar/19,0,3000788,Uniao-familiar-pode-ser-um-dos-segredos-para-a-superacao-da-depressao-afirma-psquiatra.html

Matéria feita com a psicóloga do Contemporâneo, Jussara Dariano.

http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/bem-estar/19,0,3122429,Pessoas-criam-mecanismos-de-adaptacao-para-conviver-com-a-violencia-diz-especialista.html

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cursos de Pós-Graduação estão com inscrições abertas!

Curso de extensão!

Teoria Psicanalítica do Self (sextas-feiras às 16h começando em abril)
Coordenação: Cesar Bastos
Mais informações: www.contemporaneo.org.br

Curso de extensão!

Psicanálise e Fonoaudiologia ( sábados quinzenais das 10h30 às 12h, começando em abril)
Coordenação: Carla Graña
Mais informações: www.contemporaneo.org.br

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Porque eu sou é homem: espaço terapêutico como ambiente de identificação

http://www.contemporaneo.org.br/revista/php/home.php?idc=9&sum=13&ed=9&idp=13

Jornada Bienal da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul

“O ATO COMO LINGUAGEM”

O QUE É?

Esta é a Jornada Bienal da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, cujo tema para 2011 é “O ATO COMO LINGUAGEM”. Trata-se de um tema contemporâneo e de relevância para a atuação dos psicólogos e profissionais de áreas afins.

A Jornada objetiva reunir profissionais interessados na discussão do tema e que buscam qualificar a sua prática profissional.

QUEM ORGANIZA?

A SPRGS é uma instituição com 51 anos de existência, que tem por finalidade congregar e representar psicólogos e estudantes de psicologia, da capital e do interior do Estado. Visa promover o desenvolvimento da Psicologia, bem como promover o intercâmbio entre seus sócios, instituições afins e comunidade, em atividades de sua competência. Foi fundada no dia 01 de julho de 1959, três anos antes da regulamentação da profissão de psicólogo, sendo a primeira instituição a organizar e representar a classe.

Trata-se de uma entidade civil, de utilidade pública, com personalidade jurídica e sem fins lucrativos, que se rege por Estatuto próprio, constituindo-se num espaço de aprimoramento teórico-prático, troca de experiências, produção científica e inserção na comunidade.

QUANTOS PARTICIPAM?

O público estimado para o evento é de 200 profissionais.

QUAL O PERFIL DO PÚBLICO ALVO?

Psicólogos, Estudantes de Psicologia e profissionais de áreas afins, que atuam em diferentes segmentos, na área da saúde, na educação, no campo jurídico, empresas de serviços, comunicação e indústria.

QUANDO E ONDE SE REALIZA?

Nos dias 26, 27 e 28 de maio de 2011, no Auditório da SOGIPA, Rua Barão de Cotegipe, 415, em Porto Alegre/RS

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cursos de Extensão 2011 (início das aulas em março)

Teoria Psicanalítica do Self
Coordenação: Cesar Bastos

A Obra de Edgar Morin
Coordenação: Cesar Bastos

Teoria e Clínica Psicanalítica em Winnicott
Coordenação: Roberto Graña

Leitura dos Seminários de Lacan
Coordenação: Roberto Graña

Psicanálise e Psicopedagogia
Coordenação: Anelise Delpino

Psicanálise e Fonoaudiologia
Coordenação: Carla Graña

Transtornos Alimentares e Obesidade
Coordenação: Maria Isabel Mattos

Obra de Freud
Coordenação: Eliane Nogueira

Curso de Psicanálise e Cinema
Coordenação: Carlos Marcírio Naumann Machado

Curso de Atualização em Desenvolvimento (para educadores)
Coordenação: Angela Piva e Maria Alice Targa

Oficina Literária
Coordenação: Alcy Scheuiche

Nasceu a edição 09 da Revista Contemporânea

http://www.contemporaneo.org.br/contemporanea.php
Acessem e bom leitura!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre o grupo e o evento

O grupo de apoio da Abra Gagueira é uma reunião para pessoas que gaguejam.
É um espaço para troca de informações sobre gagueira, tanto objetivas e científicas como troca de experiências entre os participantes.

Existem grupos como este funcionando em diversas partes do Brasil. Este é o primeiro no Rio Grande do Sul.

O grupo é destinado somente a pessoas que gaguejam.

Em casos muito especiais, como a necessidade da presença de pais de menores ou pessoas responsáveis com o cuidado da pessoa que gagueja, podemos abrir exceção. Favor entrar em contato.

O evento é gratuito e a mediação do encontro é voluntária, feita por mim, Rodrigo, também uma pessoa que gagueja.

Este grupo tem espírito otimista. Todos os participantes têm abertura para falar, perguntar, discutir e fazer relatos pessoais. Como a gagueira é uma dificuldade que pode ser superada, temos o intuito de ajudar e motivar uns aos outros no caminho da melhoria, mesmo esta melhoria tendo um significado diferente para cada pessoa.

Não se trata de terapia, pois não haverá nenhum fonoaudiólogo ou psicólogo para fazer tratamento. Os próprios participantes realizarão o evento, sendo que o moderador/facilitador levará uma pauta a ser discutida, um tema para o encontro, e vai moderar os debates, orientar nos assuntos polêmicos, tirar dúvidas e conduzir a reunião.

A ACM-RS cede gentilmente uma sala para a realização do evento, no seu Departamento de Jovens.

As reuniões são quinzenais.

Mais detalhes podem ser vistos no site da Associação:

http://www.abragagueira.org.br/gruposdeapoio.asp

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Reflexões sobre a origem e evolução da linguagem

Reflexões sobre a origem e evolução da linguagem
Reflections about the Origin and Evolution of Language

José Fernando Fontanari*

RESUMO: Entender a origem e evolução da linguagem é uma das questões mais importantes da Ciência e, quem sabe, também das Humanidades. De fato, frequentemente ouvimos que a linguagem é a principal qualidade que nos distingue dos outros animais. Algumas vezes, a importância da linguagem é até mesmo colocada acima da do pensamento, como ilustra essa frase de DE SAUSSURE (1966), “Sem a linguagem, o pensamento seria uma névoa vaga e inexplorada. Não haveria idéias pré-existentes e nada poderia ser distinguido antes do surgimento da linguagem.” Nesse curto ensaio, vou apresentar algumas idéias recentes sobre a origem e evolução da linguagem, enfatizando a conexão entre linguagem e seleção natural; já que esse é o único princípio que dispomos para explicar a emergência de estruturas complexas na Natureza.

ABSTRACT: Understanding the origin and evolution of the language is one of the most important questions of Science and, maybe, the humanities. In Fact, we frequently listen that language is the main quality that distinguish us from other animals. Sometimes, the importance of language is even put over the thought, as de Saussure (1966) asserts “ Without language, thought is a vague, uncharted nebula. There are no pre-existing ideas, and nothing is distinct before the appearance of language.” In this short essay, I will present some recent ideas about the origin and evolution of language, emphasizing the connection between language and natural selection; since this is the only principle that we have to explain the emergence of complex structures in the Nature.


Descritores: Origem, Evolução, Linguagem

Keywords: Origin. Evolution. Language.


Dada a importância e a fascinação das questões referentes à linguagem[1], não é de se estranhar que muitas idéia fantasiosas tenham sido propostas para explicar sua origem. No século XIX, havia duas teorias populares, denominadas pejorativamente pelos lingüistas contemporâneos de “ha-ha’ e “au-au’. A teoria “ha-ha” sugere que a linguagem se originou dos gritos instintivos de alegria e dor, enquanto que a “au-au” supõe que os grunhidos de animais tiveram papel fundamental, já que os caçadores primitivos provavelmente imitavam aqueles sons como estratégia de caça (AITCHISON, 1996). Bem, depois dessa amostra ninguém irá criticar a Société Linguistique de Paris por ter banido em 1866 toda e qualquer discussão sobre a origem e evolução da linguagem.
A proscrição da sociedade parisiense foi tão efetiva que até meados dos anos 80 nenhum lingüista se atreveu a abordar o tema das “origens”. E, talvez, jamais se atrevessem, não fosse a percepção da comunidade científica de que a linguagem era importante demais para ser deixada aos lingüistas[2], e da conseqüente avalanche de teorias sobre a origem da linguagem propostas por psicólogos, antropólogos, neuro-cientistas, biólogos, etc. Nesse ensaio vou descrever brevemente minhas teorias favoritas, que, ao contrário de suas predecessoras do século XIX, procuram explicar a linguagem como um produto da evolução pela seleção natural por uma comunicação mais eficiente. Antes disso, porém, vamos ver o que os lingüistas têm a dizer sobre o assunto.

As duas faces de Chomsky

Após quase meio século de atividade, o nome Noam Chomsky pode ser considerado sinônimo de lingüística. Pode-se idolatrá-lo ou detestá-lo, mas não dá para ignorá-lo. De fato, Chomsky está entre os dez autores mais citados da área das Humanidades. A frente dele só Marx, Lênin, Shakespeare, a Bíblia, Aristóteles, Platão e Freud; mas é o único ainda vivo da lista dos ‘dez mais’[3].
Chomsky é o principal proponente do paradigma nativista da linguagem, que considera a capacidade lingüística como uma coleção de habilidades cognitivas de domínio específico, única à espécie humana e que, de algum modo, foi codificada em nosso genoma (CHOMSKY, 1972). Esse conjunto de habilidades passou a ser conhecido como ‘órgão da linguagem’. Assim, a linguagem não é aprendida; ela é inata aos humanos. A facilidade com que crianças normais aprendem a gramática de sua língua nativa, face à pobreza do estímulo lingüístico a que são expostas, é geralmente invocada como evidência forte a favor desse paradigma.
O paradigma rival - o empiricismo – defende que não há nada de especial na linguagem, e que esta pode ser aprendida pelos algoritmos de aprendizado de domínio geral, inatos a nossa espécie (BATES & ELMAN, 1996). Embora, na prática, a visão empiricista seja adotada quando se tenta ‘ensinar’ linguagem a robôs ou a agentes virtuais (CANGELOSI et al., 2007), é realmente difícil aceitar que a linguagem não seja especial: o sempre perspicaz Charles Darwin já havia notado que o balbuciado dos bebês é um sinal claro de que “humanos têm um instinto natural para falar” (BLOOM, 2000).
O problema com Chomsky, e isso poderá surpreender o leitor, é que ele, juntamente com outros lingüistas influentes (BICKERTON, 1990), acredita que a finalidade da linguagem não seja a comunicação! Em suas palavras: “… a linguagem não é considerada propriamente um sistema de comunicação. É um sistema para expressar pensamento, o que é algo bem diferente....Mas, qualquer que seja o sentido adotado para o termo, comunicação não é a função da linguagem, e pode até mesmo ser de pouca importância para a compreensão das funções e natureza da linguagem” (CHOMSKY, 2000, p. 75). Se a função da linguagem não é a comunicação, então para que serve? Segundo Chomsky, “a linguagem é usada principalmente para seus próprios fins: ‘conversa interior’ em adultos e monólogo em crianças” (CHOMSKY, 2000, p. 77). Observe que a questão das origens torna-se totalmente irrelevante nesse contexto; já que a linguagem passa a ser vista primariamente como um sistema representacional, desenvolvido muito antes que nossos ancestrais fossem capazes de pronunciar a primeira palavra (BICKERTON, 1990).
Não é surpresa, portanto, que Chomsky encabece a lista dos críticos da visão evolucionista convencional da linguagem, na qual a competência lingüística do humanos teria evoluído gradativamente em resposta ao ganho adaptativo de uma comunicação mais precisa e eficiente (PINKER & BLOOM, 1990; PINKER, 1994).
Na década de 90, Chomsky mudou radicalmente sua posição em relação à quase ‘infinita’ complexidade da linguagem, que necessitava de um ‘órgão’ próprio para seu domínio. Através de seu Programa Minimalista, agora Chomsky propõe que a linguagem seja vista como um mapa (aplicação) entre sons e conceitos; somente representações de sons (Forma Fonética) e representações semânticas (Forma Lógica) seriam indispensáveis (CHOMSKY, 1995). De repente, toda a complexidade da estrutura lingüística revelada nos últimos 50 anos passou a ser considerada supérflua para se entender a linguagem. A complexidade do fenômeno lingüístico foi associada unicamente a necessidade de se criar uma interface entre os sistemas que manipulam sons e conceitos, não sendo, portanto, inerente a linguagem. Apesar dessa reviravolta, que naturalmente dividiu a comunidade lingüística, Chomsky manteve sua posição de que a seleção natural não teve nenhum papel na evolução da linguagem e de que a função de comunicação é, para dizer o mínimo, secundária. Mas é difícil imaginar um mapa entre sons e conceitos cuja utilidade não seja a comunicação desses conceitos. Talvez a linguagem seja mesmo importante demais para ser deixada aos lingüistas...

A teoria do parasita

Nenhuma das teorias do século XIX sobre a origem da linguagem pode sequer ser comparada em esquisitice a idéia do biólogo e antropólogo Terrence Deacon: a linguagem é uma entidade que infecta e parasita o cérebro das crianças buscando a sua auto-replicação (DEACON, 1997). O fato da linguagem não ser um organismo, um ser vivo por assim dizer, não enfraquece o argumento, já que os vírus, embora também não sejam considerados seres vivos, não têm competidores quando o assunto é replicação. Mas aqui estamos falando de um tipo bem diferente de replicador, não de uma molécula real como o genoma viral, mas de uma idéia mesmo, algo que só existe na mente humana. A existência de tal replicador foi proposta bem antes, por Richard Dawkins que o batizou de meme em analogia ao gene (DAWKINS, 1976). Vale observar que, sob o ponto de vista matemático, pensar a linguagem como um parasita que se transmite tanto verticalmente (de pai para filho) como obliquamente (de adultos para crianças) produziu uma descrição quantitativa bastante adequada da competição entre línguas e, em particular, da dinâmica de extinção das línguas (ABRAMS & STROGATZ, 2003).
Mas o que é realmente novo nessa proposta é a idéia de que a linguagem e a mente, assim como parasitas e hospedeiros, co-evoluem, ou seja, uma se adapta a outra no curso da evolução. De fato, segundo Deacon, a estrutura da linguagem está constantemente sofrendo a pressão da seleção natural, pois a cada geração ela deve ‘passar’ pela mente das crianças e somente aquelas operações e elementos que são fácil e rapidamente aprendidos passarão intactas para as próximas gerações. Talvez fosse exatamente isso que Max Müller, filólogo contemporâneo de Darwin, quis dizer com a frase “Uma luta de vida-e-morte está constantemente ocorrendo entre palavras e formas gramaticais em cada linguagem. As formas melhores, mais curtas, mais fáceis estão constantemente levando vantagem, devendo seu sucesso as suas próprias virtudes intrínsecas.”
Deacon conseguiu colocar a questão do aprendizado da linguagem de uma forma totalmente diferente: a razão por que crianças conseguem aprender sua língua nativa sem nenhum esforço aparente, não é porque elas são dotadas de um órgão da linguagem a la Chomsky, mas sim porque a linguagem foi selecionada de forma a se adaptar às habilidades e limitações cognitivas das crianças, tornando seu aprendizado uma tarefa aparentemente simples. Difícil de entender? Pois bem, lembra dos computadores pessoais (PCs) do início dos anos 80, com sistema operacional DOS e seus comandos de linha dir, del, copy, save, run, etc.? Uma tremenda revolução na vida dos jovens universitários da época, sem dúvida. Mas não lembro de crianças de oito anos fazendo suas lições de casa naqueles PCs. O que aconteceu? Será que em uma única geração as crianças ficaram tão mais inteligentes assim? Sabemos exatamente o que aconteceu: simplesmente o software[4] foi se adaptando as nossas habilidades (ou melhor, limitações) cognitivas de modo a tornar seu uso cada vez mais fácil. O mesmo deve ter se passado com a linguagem, segundo Deacon.

A Inteligência Maquiavélica

Um tópico discutido com freqüência em textos sobre a evolução da linguagem é o tamanho anormal do cérebro dos primatas (em particular, dos humanos) relativo às suas dimensões corporais. Para se ter uma idéia, um cérebro humano tem em torno de 1600 centímetros cúbicos, enquanto que o cérebro de um mamífero típico com o nosso peso (uns 55 kg) tem apenas 180 centímetros cúbicos. Agora, se considerarmos que o cérebro corresponde a apenas 2% de nossa massa corporal mas consome cerca de 20% da energia que absorvemos dos alimentos, deveria haver uma vantagem evolutiva óbvia em se ter um super-cérebro. Só que até hoje não se chegou a um consenso de qual seria essa vantagem, se é que ela existe mesmo.
A hipótese da moda é a da Inteligência Maquiavélica proposta pelos psicólogos britânicos Richard Byrne e Andrew Whiten em 1988: um super-cérebro[5] é necessário para que animais que vivem em grupos mantenham atualizadas a altamente volúvel lista de amigos e inimigos (BYRNE & WHITEN, 1988). A evidência mais forte a favor dessa hipótese vem de outro psicólogo britânico, Robin Dunbar, que correlacionou o tamanho médio S dos grupos de diversos primatas com a razão R entre o volume do neocortex e o volume do restante do cérebro (DUNBAR, 1998). O resultado dessa análise tem implicações tão curiosas que vale a pena reproduzi-la aqui. A Figura 1 é uma interpretação artística dos dados originais de DUNBAR (1998). Dessa figura, fica claro que existe uma correlação positiva entre R e S: quanto maior o grupo social, maior será o neocortex e, grosso modo, mais inteligente será o primata. Assim, parece mesmo ter sido a complexidade da vida social a responsável pela pressão seletiva que produziu os super-cérebros dos primatas.



S
100
10
1
0
0.1
10
1
R

humanos: 150
4


Figura 1 O eixo vertical mostra o tamanho médio do grupo social (S) e o eixo horizontal a razão (R) entre o volume do neocortex e o volume do restante do cérebro. Nos humanos o neocortex corresponde a 80% do volume total do cérebro de modo que R= 80/(100-80) = 4. Os símbolos · indicam os valores medidos de S e R para diferentes espécies de primatas. Os lêmures estão no extremo inferior e os chimpanzés no superior. Os humanos não aparecem nesse gráfico, pois não conhecemos o tamanho médio dos grupos de nossos ancestrais hominídeos.

Onde os humanos entram nessa análise? Não há nenhum vestígio arqueológico do tamanho dos grupos de hominídeos que vagavam pelas savanas africanas há uns 200 mil anos atrás mas, assim como os chimpanzés e babuínos de hoje formam grupos em torno de 50 indivíduos, nossos ancestrais também deveriam formar grupos de um certo tamanho característico. Como determinar esse tamanho? A Figura 1 nos dá a resposta: se ajustarmos os dados dos outros primatas por uma reta, como mostrado na figura, essa reta cortará a linha vertical R=4 (a razão entre o volume do neocortex e restante do cérebro para humanos) em S = 150, que é então o valor procurado.
Se os humanos conviveram em grupos de 150 pessoas, em média, por dezenas de milhares de anos, esse número mágico deve de algum modo ter reflexos ainda hoje. Uma busca pelo número 150 na história da civilização revela, de fato, algumas coincidências intrigantes (DUNBAR, 1998). Por exemplo, esse é exatamente o tamanho dos clãs de todas as tribos conhecidas. Entre os aborígines australianos, os membros de um clã reúnem-se uma vez ao ano para a realização dos rituais de passagem e contratos de casamentos futuros; por isso todos os membros têm perfeito conhecimento de suas relações de parentesco. Os huteritas[6] vivem em comunidades com pouco mais de 100 indivíduos, pois elas são divididas em duas quando a população chega aos 150 indivíduos: a razão é que quando a população ultrapassa esse número, torna-se impossível controlar seus membros somente pela ‘pressão dos pares’. No exército, o tamanho médio da Companhia, unidade sob comando de um capitão, é de cerca de 150 homens[7]. E muito mais... Tudo indica que 150 pessoas seja mesmo o tamanho máximo de um grupo em que todos se conhecem.
E o que isso tudo tem a ver com a origem da linguagem? A resposta tem a ver com as práticas sociais que mantêm um grupo coeso, ou com o que se quer dizer com ‘todos os membros do grupos se conhecem’. No caso dos chimpanzés que vivem em grupos de 50 indivíduos, as coalizões - manifestação de amizade e comprometimento - são externadas e mantidas pela prática social do cafuné. Isso toma em torno de 20 a 30% do tempo útil desses animais. Imagine agora um grupo de 150 indivíduos. Se a coesão social fosse mantida pelo cafuné, os indivíduos gastariam mais da metade do dia nessa atividade, o que garantiria ao homo sapiens um bilhete de primeira-classe rumo à extinção.
A idéia de Dunbar é que a linguagem teria surgido como uma espécie de ‘cafuné vocal’, necessário para manter coesos os grupos de hominídeos. Afinal, quantas vezes já fomos confortados por palavras gentis? A vantagem é que esse cafuné pode ser praticado em várias pessoas simultaneamente, e com um mínimo de esforço. Talvez até mais importante: sem a linguagem a única forma que teríamos para descobrir se algum aliado não é confiável, seria pegá-lo em fragrante no momento da traição; com a linguagem, alguém mais poderia fazer isso por nós, e nos passar um relatório detalhado no dia seguinte. A ‘fofoca’ seria então o principal uso da linguagem, sendo o instrumento chave para a estabilização de grandes grupos sociais.
Considerando que a linguagem é tida como o elemento X que separa os humanos do resto dos primatas, dizer que seu uso primário é a fofoca pode parecer um pouco ofensivo. Mas, brios a parte, não deve ser difícil descobrir qual é o uso principal da linguagem, ou, em outras palavras, sobre o que as pessoas conversam. Se você prestar atenção às conversas nas mesas vizinhas durante seu horário de almoço na cantina de seu local de trabalho, descobrirá que uns 2/3 das conversas giram em torno de temas sociais: quem está fazendo o quê com quem, se isso está certo ou errado, quem está subindo e, principalmente, quem está descendo. Mesmo conversas que começam com alto nível - uma discussão sobre a origem da linguagem, por exemplo - após 10 minutos viram uma troca de informações sobre as atividades acadêmicas (e não-acadêmicas) de colegas. Mas já sabíamos disso, não?
Talvez o leitor tenha percebido que há uma ‘ponta solta’ no argumento de Dunbar. De fato, podemos até nos convencer que um grupo de 150 pessoas seja o maior grupo possível que ainda funcione como uma unidade, mas por que a evolução iria pressionar os hominídeos a formarem grupos cada vez maiores? A resposta da defesa contra predadores não é satisfatória, pois os nossos predadores eram os mesmos dos babuínos e chimpanzés e, portanto, um grupo de 50 pessoas seria o suficiente. Talvez a resposta seja o longo tempo de amadurecimento de nossas crianças (uns 12 anos até atingirem a independência) que, dada a taxa de mortalidade da época, exigiria um grupo de apoio considerável para garantir sua segurança por períodos tão longos. Ou, o que é mais provável, um grupo grande seria garantia de vitória nos embates com grupos rivais e, como os militares modernos descobriram por tentativa e erro, nesse caso o tamanho ideal do grupo seria de 150 indivíduos.

O principio da deficiência e o ‘maternês’

As teorias de DEACON (1997) e DUNBAR (1998) são exemplos daquilo que em inglês se chama ‘thinking out of the box’, ou seja, de pensamento fora do padrão. Vejamos agora o que uma abordagem científica mais tradicional tem a nos dizer sobre a origem da linguagem. Se, contra Chomsky, a função da linguagem for mesmo a comunicação, então estudar a comunicação entre animais pode nos dar alguma pista sobre a origem da linguagem.
O caso mais estudado de comunicação entre primatas não-humanos em seu meio natural é o dos macacos vervet que vivem no sul da África (SEYFARTH et al., 1980). Esse macacos produzem vocalizações diferentes para alertar o grupo[8] sobre a presença de três tipos de predadores: leopardos, águias e cobras. Cada um desses sinais de alarme produz uma resposta distinta no grupo: correr para o topo de uma árvore no caso de leopardos, olhar para cima no caso das águias, e olhar para baixo no caso das cobras. Além do vocabulário extremamente limitado, outro fator importante, que é comum a toda comunicação ou sinalização produzida por não-humanos, chama a atenção: o objeto da sinalização (um leopardo, por exemplo) sempre está presente no momento da emissão do sinal. Animais ‘conversam’ sobre o aqui e o agora, muito diferente dos humanos que usam a linguagem para divagar sobre eventos distantes no tempo e no espaço. Nesse sentido parece haver mesmo uma descontinuidade entre comunicação animal e linguagem.
Os macacos vervet tornaram-se populares entre nós pelo fato de se comunicarem por sons, mas exemplos de comunicação utilizando sinais químicos, gestos, grunhidos, danças, etc. são abundantes no mundo animal, especialmente, no que concerne a escolha de parceiros para acasalamento. Há uma vasta literatura sobre o tema (HAUSER, 1996) e suas conclusões podem ser importantes para compreendermos melhor a origem da linguagem.
O ponto crítico da comunicação entre animais está na confiabilidade ou honestidade do sinal. Essa é uma decisão dificílima para a fêmea da maioria das espécies, em que o investimento na prole fica totalmente ao seu encargo. Como saber se aquele macho de penas vistosas fornecerá os melhores genes para sua cria? A teoria aceita atualmente é devida ao biólogo israelense Amotz Zahavi, e afirma que para um sinal ser honesto ele precisa ter um custo alto para o seu emissor (ZAHAVI, 1975). Por isso a teoria é conhecida como ‘princípio da deficiência’: a mensagem passada à fêmea por um pavão de cauda particularmente vistosa seria algo como “Olhe para mim! Sou tão bom que mesmo com essa cauda espalhafatosa e pesada consigo escapar de meus predadores!”. A idéia é bem atrativa e tem até certa utilidade fora da Biologia e Etologia. Explica, por exemplo, por que não recebemos folhetos de propaganda via SEDEX. Aliás, se recebêssemos, o remetente poderia ter certeza de que os leríamos com atenção.
Se os sinais biológicos precisam ter um custo alto para terem valor, ou de outra forma seriam simplesmente ignorados, como fica a situação da linguagem nisso tudo, já que seu custo é nulo[9]? Nesse aspecto, a linguagem jamais poderia ter evoluído da comunicação animal, exceto num contexto muito particular onde a relação de confiança mútua está implícita: a relação entre mãe e filhos. Esse cenário concorda com a hipótese do ‘maternês[10]’, proposta pelo antropólogo norte-americano Dean Falk em 2004, na qual a única opção das mães para acalmarem e controlarem seus bebês enquanto coletavam alimentos nas proximidades[11] era através da comunicação vocal – o maternês (FALK, 2004). À medida que as mães começaram a usar prosódia[12] para encorajar suas crianças a se comportarem ou a segui-las, o significado de certos sons (palavras) acabou sendo convencionado, dando origem ao elemento básico da linguagem na visão do programa minimalista de Chomsky.

Conclusão

Estamos em uma situação que pode ser muito bem descrita pela expressão ‘o constrangimento dos ricos’, ou seja, temos (pelo menos) três boas hipóteses para explicar o mesmo fenômeno - a origem da linguagem - e seria uma pena se tivéssemos de descartar qualquer uma delas. Mas talvez isso não seja necessário. Podemos imaginar que tudo começou com o maternês e, uma vez criado o replicador - o meme da linguagem - este começou a adaptar-se às nossas capacidades cognitivas e fonéticas, tornando fácil e natural a associação entre sons e conceitos. Um processo exótico em evolução, conhecido como Efeito Baldwin, pode ter garantido a incorporação em nosso genoma de padrões comportamentais culturais, que inicialmente deveriam ser aprendidos com as mães (BALDWIN, 1896); daí o instinto natural para a fala, observado por Darwin[13]. A expansão do léxico e, finalmente, a nossa dependência com a linguagem podem ser devidos ao seu papel na coesão dos grupos de nossos ancestrais hominídeos.
É claro que sem uma máquina do tempo nunca saberemos ao certo como a linguagem se originou, e o melhor que podemos fazer é propor cenários plausíveis e esperar pelas críticas para aperfeiçoar ou, eventualmente, abandonar nossas hipóteses. O cenário descrito aqui reúne três idéias excepcionais sobre a origem e evolução da linguagem. Não são as únicas e podem nem ser as corretas, mas ao tentarem explicar o surgimento da linguagem, acabaram por nos ensinar muito sobre o que é ser humano. E isso não é pouco.

Referências


ABRAMS, D.M., & STROGATZ, S.H. Modeling the dynamics of language death Nature, v. 424, p. 900, 2003.

AITCHISON, J. The seeds of speech: language origin and evolution. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1996.

BALDWIN, M. J. A New Factor in Evolution. The American Naturalist, v. 30, p. 441-451, 1896.

BATES, E., & ELMAN, J. Learning rediscovered. Science, v. 274, p. 1849-1850, 1996.

BICKERTON, D. Language & Species. Chicago: University of Chicago Press, 1990.

BLOOM, P. How children learn the meaning of words. Cambridge, MA: MIT Press, 2000.

BYRNE, R., & WHITEN, A. Machiavellian Intelligence. Oxford: Oxford University Press ,1988.

CANGELOSI, A., TIKHANOFF, V., FONTANARI, J. F., & HOURDAKIS, E. Integrating Language and Cognition: A Cognitive Robotics Approach, IEEE Computational Intelligence Magazine, v. 2, p. 65-70, 2007.

CHOMSKY, N. Language and mind. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1972.

CHOMSKY, N. The minimalist program. Cambridge, MA: Cambridge University Press, 1995.

CHOMSKY, N. On nature and language. New York: Cambridge University Press, 2000.

DE SAUSSURE, F. Course in General Linguistics. Translated to English by Wade Baskin. New York: McGraw-Hill Book Company, 1966.

DAWKINS, R. The Selfish Gene. Oxford: Oxford University Press, 1976.

DEACON, T. W. The Symbolic Species. New York: W.W. Norton & Company, 1997.

DUNBAR, R. Grooming, Gossip, and the Evolution of Language. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1998.

FALK, D. 2004. Prelinguistic evolution in early hominins: Whence motherese? Behavioral and Brain Sciences, v. 27, p. 491-503, 2004.

HAUSER, M. D. The Evolution of Communication. Cambridge, MA: MIT Press, 1996.

PINKER, S., The Language Instinct. London: The Penguin Press, 1994.

PINKER, S., & BLOOM, P. Natural language and natural selection. Behavioral and Brain Sciences, v. 13, p. 707-784, 1990.

SEYFARTH, R. M., CHENEY, D. L., & MARLER, P. Monkey responses to three different alarm calls: Evidence of predator classification and semantic classification. Science, v. 210, p. 801-803, 1980.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Entrevista Dr. César Bastos - Caderno Bem-Estar - Zero Hora dia 11/08

União familiar pode ser um dos segredos para a superação da depressão, afirma psquiatra

Especialista explica sintomas que indicam a hora de buscar ajuda


A melhor forma de superar a depressão é contar com o apoio da família e de especialistas. Mas qual a maneira mais eficaz de os familiares ajudar efetivamente o paciente? Para o presidente do Instituto Contemporâneo de Psicanálise e Transdisciplinaridade de Porto Alegre, César Bastos, a união da família pode ser o segredo para passar por esse momento.

Para ele, a família não deve associar a doença a uma suposta falta de força de vontade do paciente e precisa acompanhar todo o processo terapêutico de perto.

— É absurdo imaginar que ao exorcizar o paciente a "reagir" ou a "ser corajoso" a família esteja ajudando. Este comportamento apenas aumenta os sentimentos de auto-reprovação que o deprimido já se auto-dirige — explica.

Para Bastos, evitar conversas francas com a pessoa deprimida ou tentar tirá-la de seu cotidiano apenas mascaram o problema e reforçam na pessoa a ideia de "incapacidade" para lidar com o problema. Segundo ele, é preciso apostar em diálogos francos, sem esquecer que a situação é um distúrbio emocional e não motivacional.

— Antigamente era comum prescrever-se passeios e viagens ao paciente, com a fantasia de que o distúrbio emocional era semelhante as "doenças de contágio", ou seja, afastando a pessoa do ambiente pretensamente responsável pela depressão, a mesma iria buscar forças e se reinventar. Isto hoje corresponde ao folclore psiquiátrico — acrescenta.

Bastos destaca ainda que o depressivo tem dificuldades e não se sente estimulado a manter hábitos e uma alimentação saudável, o que a longo prazo pode agravar ainda mais o problema.

— De forma geral, a depressão tem muito a ver com o fenômeno da agressividade, só que, ao invés desta agressividade voltar-se para fora, em direção a alguém ou a alguma situação que tenha estado presente na origem do problema, a mesma se volta "para dentro" — afirma o especialista.

Segundo o especialista, no entanto, quando, mesmo doente, a pessoa começa a apostar novamente em uma boa alimentação e a praticar exercícios físicos, ela dá sinais de que começa a se valorizar e se aceitar novamente.

Abaixo, Bastos lista alguns dos sintomas que podem indicar a hora de buscar ajuda:

— sentimentos como irritação ou entristecimento repentinos;

— sentir-se constantemente como uma pessoa perdedora ou inferior às demais;

— dificuldades para dormir, se concentrar ou perda da capacidade da memória;

— forte abatimento com alguma perda ou apenas a sensação de ter tido essa perda;

— sentir-se constantemente como uma pessoa que costuma não "dar certo" em quase nada que faz, mesmo que por um período relativamente curto de tempo.

BEM-ESTAR

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A família é o primeiro contexto que acolhe a criança após seu nascimento; tendo como função alimentá-la, protegê-la, dar-lhe apoio psicológico e afetivo para que possa se desenvolver e organizar o mundo exterior onde vai atuar e participar. É importante então compreender como o ambiente familiar afeta o desenvolvimento intelectual e o potencial para aprendizagem.
Embora supostamente as dificuldades de aprendizagem tenham uma base biológica, com freqüência é o ambiente da criança que determina a gravidade do impacto da dificuldade.
O termo “dificuldade de aprendizagem” refere-se não a um único distúrbio, mas a uma gama ampla de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho escolar.
Na maior parte do tempo, as crianças funcionam de um modo consistente com o que seria esperado de sua capacidade intelectual, de sua bagagem familiar e educacional, mas dê-lhes certos tipos de tarefas e seus cérebros parecem “congelar”.
Acabam frustrando-se tentando fazer coisas que não conseguem, desistindo de aprender e desenvolvendo estratégias para evitar qualquer movimento que possam associar a aprendizagem.
Essas crianças questionam sua própria inteligência e imaginam que não podem ser ajudadas. Muitas se sentem furiosas e põem para fora fisicamente, tal sensação; outras se tornam ansiosas e deprimidas.
Independente do comportamento, elas tendem a se isolar socialmente e, com freqüência, sofrem de solidão, bem como de baixa auto-estima.
Na família muitas vezes os pais assumem papel de ensinantes (Fernández), passando as orientações que vieram de seus pais e da sociedade, esquecendo de que as crianças têm muito a ensinar é só lhes dar oportunidade, transformando assim a educação em um processo mecânico, passando de geração para geração, sem que seus membros percebam muitas vezes a necessidade de mudança.

“A inteligência constrói em si mesma e constrói-se no vínculo com o outro, portanto a existência de um problema de aprendizagem pode deter ou alterar o seu desenvolvimento, na medida em que o pensar está aprisionado”. (Fern
ández)
Pp. Anelise Delpino
Psicopedagoga Clínica e Institucional
Coord. do Dep. Psicopedagógico do CIPT

quarta-feira, 21 de julho de 2010

DEPRESSÃO DE INVERNO OU DEPRESSÃO NO INVERNO?

Observa-se que a chegada do frio coincide com um aumento de quase 20% nos casos de depressão cujos sintomas são clássicos, como perda da energia, fadiga, alteração no apetite, irritabilidade, sonolência ou instabilidade no sono e mau-humor. A este quadro encaixado ao inverno batizou-se de depressão sazonal.

Afeta mais às mulheres do que aos homens e possui conexão com mudanças nas funções biológicas do organismo. Hormônios hipofisários - mensageiros diretos do nosso cérebro - alteram-se com a mudança de temperatura e luminosidade, o que acaba agindo sobre os chamados neurotransmissores , substãncias cerebrais que modulam a conexão de todas células nervosas e, portanto, do organismo como um todo.

Assim ditas as coisas, parecem fáceis de serem entendidas: "ocorre isto e aquilo e, como decorrência, temos tal e tal resultado".

Mas não é assim que podemos "de verdade" entender as coisas, pois para compreender apenas desta forma, devemos diminuir o ser humano a uma espécie de máquina biológica que "adoece" ou tem "saúde". Mas estamos falando de outras coisas. Podemos falar na provavel hipótese que cérebro e mente seja uma mesma coisa. Sistemas extremamente complexos capazes de se interpretarem mutuamente com linguagens tão diferentes como o mandarim e o português. Capazes de interpretar e articular a linguagem do ambiente externo (no nosso caso, o frio) com todo nosso ambiente interior. Capazes de compreender também a linguagem social, a linguagem hostil e a linguagem amorosa.

Se for assim, podemos alterar a linhagem da depressão. Readquirimos o poder lúdico que as crianças possuem, de ficarem muito tempo enxergando "rostos nas nuvens do céu". Cada olhar, cada lufada de vento, cada raio de luz, dá vida à dança das nuvens. Uma enxerga um urso; outra um puma; outra o rosto da avó. Assim se recria o mundo.

As pessoas podem usar este poder mágico de "recriar o mundo" para darem uma espiada diferente, amorosa e com muita positividade e bom-humor, nesta fase de hibernação da natureza. O período frio gesta a vida que retornará com muita força. É a estação da esperança , ou seja, de esperar. De esperar de forma ativa e criativa pois a própria natureza exibe as forças das quais compartilhamos!

Afinal, que diabos vocês imaginam que nos faz sermos seres vivos e adaptados desta mesma natureza que nos mostra o tempo todo, todas suas faces?

Muitas vezes a depressão pode ser um tipo de resposta a situações que exigem prazeres mais moderados e menos imediatos. O prazer da espera, o prazer da reflexão se antagonizam com a necessidade imediata. A fome de ação pela ação. O sol como uma terapia da solidão.

Se você costuma sentir-se triste quando a vida ou a natureza impõe os seus naturais limites, esteja certo que o seu grande amigo "voce mesmo" está lhe fazendo muita falta. Seja qual for seu sexo ou idade procure realizar uma psicoterapia, pois a mesma poderá lhe ajudar a compreender que, parodiando a música, voce possui tantos amigos que nem lhes pode contar!

César Bastos
Médico psiquiatra e psicanalista.
Presidente do Instituto Contemporâneo de Psicanálise e Transdisciplinaridade de Porto Alegre.

sábado, 5 de junho de 2010

Sintomas como forma de comunicação para o bem-estar

Não é de hoje que as sociedades criam suas culturas e, dentro delas seus indivíduos tem a função de transitarem de acordo com seus ditames. Assim, “vai-se vivendo a vida”: dando conta de nossas rotinas, profissões, status sem que, na maior parte das vezes, possamos nos dar conta do que se passa,verdadeiramente dentro de cada um de nós. Acontecimentos que se fecham calados, incoerências entre o que se diz e o que se pensa, angústias que vem e que vão, a cada momento, disfarçadas sob uma fantasia diferente. Questões entramadas muito precocemente, ou enredos bem atuais que, por algum motivo ¨esquecido,¨ vão tomando conta de nossas vidas. Essas “coisas” se apresentam como sintomas, numa tentativa de estabelecerem alguma comunicação com nosso próprio eu na busca de compreensão. Sendo assim, os sintomas são o elemento fundamental para confrontar a realidade que vem sendo vivida sem ser questionada.

Sintomas são a forma pela qual a pessoa consegue manifestar suas dificuldades, patologias, emocionais e/ou corporais. Algumas, resolvem seus conflitos através de inúmeras atividades criativas, outras requerem algum auxílio especializado para poderem dominar suas neuroses. Nesta era de comunicações velozes parece cada vez mais difícil saber o que transmitir. Surgem as incongruências, sentimentos de mal-estar, vazio, escassez intelectual, insatisfação com o mundo seu redor, dores no corpo. A partir da aparição de sintomas mais incômodos, o sujeito se vê obrigado a investigar algo que justifique sua origem e, ao mesmo tempo, que lhe traga subsídios para aplacá-los.

Quando se chega ao consultório de psicoterapia, tem-se a esperança de mudar o que não vai bem, ainda que não se saiba bem o que é!E o que se encontra é uma abertura pessoal e intelectual para si próprio e para com os outros. Através da ampliação das possibilidades de novos pensamentos e qualificação da realidade vivida. Pela comunicação que se estabelece entre o paciente e psicoterapeuta reveladas verdades interiores, as quais, provavelmente, nem o próprio paciente as conhece. Através de jogos, por brinquedos, ou por palavras, vão sendo criadas experiências analíticas que visam alcançar o nexo e, por conseguinte a solução das dificuldades enfrentadas no aqui - agora.

Algumas pessoas passam a vida com a difícil missão de ter que significar algo para o mundo em que vivem, podendo perder-se do que são seus significados individuais. Como se vivessem, num mundo de manchetes sem parar para ler a noticia, enfim, sem sentir as implicações que essas notícias/sintomas trazem para si.

Na psicoterapia analítica se estabelece uma comunicação que permite a livre circulação de informações atuais, ou a serem recuperadas. O paciente traz espontaneamente todo seu mundo interno de informações, e em conjunto com o psicoterapeuta, vão interpretando e organizando as historias reveladas. Como agentes de informação da atualidade, apreendendo os significados dos fatos. Por entre falas,palavras,conversas,vai se formando um novo elo, ao tornar comum informações pela voz de um, na escuta do outro, o mundo de fantasias em que se encontram submersos tornar-se-á o mundo real.

Exercitar este tipo de comunicação inter-subjetiva, que é também inter-cultural, desenvolve ainda, canais de comunicação intra-psíquica. Ao elaborar essas vias de comunicação espera-se que o paciente possa criar novas constelações para sua vida.


Cíntia C. Schmitt

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os Prazeres da Alma

Há inspiração em tudo aquilo que vem de dentro.
O ritmo existencial de um ser querendo ser, nada mais é do que a busca pelo próprio prazer.
Se pararmos para ouvir o sussurro do vento, podemos perceber as mensagens silenciosas e sábias do inconsciente de nossa alma.
Quando conseguimos mergulhar em nós mesmos, ali dentro, conseguimos encontrar todas as respostas.
No intenso mais profundo é possível achar as sensações mais esquecidas, reprimidas e vividas do nosso misterioso interior.
Pequenos pedaços que ali encontrados, embora pareçam insignificantes de significados, ocupam espaço e presença na atuação de nossos sonhos.
Devemos sentir a essência das coisas, entrar em sintonia com aquilo que pode ser não só sentido, mas também vivido.
Não podemos ser prisioneiros de nossos pensamentos, mas libertá-los para que possam tomar consciência de seu próprio efeito.
Ao abrirmos as janelas da alma, permitimo-nos um mundo além de imaginações, deixando desabrochar as sementes plantadas no universo interior e nos permitindo viver para fora tudo aquilo que muitas vezes se mantém calado para dentro.

Vanessa Becker Bender.
Estagiária - Departamento Acadêmico

(Agradecemos a colaboração da autora)