terça-feira, 11 de outubro de 2011

Psicoterapia para bebês: isso existe?

Artigo publicado no ClicRBS

A resposta para a pergunta acima é “sim” e vem das psicólogas Karina Recktenvald, Cíntia Schmitt Dipp e Daniela Bergesch D’Incao. Elas fazem parte do Departamento de Intervenção Precoce do Contemporâneo Instituto de Psicanálise e Transdisciplinaridade de Porto Alegre e fizeram um artigo especialmente para o blog.
Vale a pena conferir!

Para algumas pessoas é difícil compreender que uma criança necessite de psicoterapia. Imaginem quando isto ocorre com um bebê. Afinal, cuidar de um bebê parece simples: basta amamentar a cada três horas, esperar quinze minutos para arrotar e colocar para dormir. Mas, atenção! Não faça isso no colo para não acostumá-lo mal. Quisera fosse tão fácil… Cuidar de um bebê não é apenas um trabalho instrumental, pelo menos não deveria ser. Causa tanta ansiedade que os livros de instruções, para pais de recém-nascidos, costumam ser sucesso e bater recordes de vendas.

O que observamos, na realidade do dia a dia dos pais com a chegada de um novo membro na família, especialmente quando se trata do primeiro filho, é uma rotina repleta de desafios. O recém-nascido não é o único que se depara com um mundo novo, a família toda experimenta descobertas.

Cada bebê é único: carrega consigo sua carga genética, seu temperamento e as influências do ambiente no qual está se desenvolvendo. Pai e mãe portam ansiedades pertinentes a esse novo momento. E também trazem na bagagem lembranças, conscientes e inconscientes, sobre suas infâncias, as crianças que foram e os pais que tiveram, neste momento, re-presentificado. A junção de todos estes fatores não poderia resultar em algo simples, muito pelo contrário, é uma situação bastante complexa.

Tudo o que envolve o cuidado (alimentação, higiene e etc.) deve vir acompanhado da troca afetiva para caracterizar um verdadeiro encontro _ um pilar importante para a saúde mental do sujeito em formação. A fim de facilitá-lo, desde o nascimento, o bebê já comunica suas necessidades por meio de manifestações singulares e aguarda ser atendido e/ou correspondido. Os vários tipos de choro são um exemplo dessa comunicação.

Quando as coisas não vão bem os pequenos mostram-se astutos o suficiente para indicar seu desconforto através de outros sinais. Bebês que não querem se alimentar, têm graves dificuldades de sono, ou ainda choram demasiadamente sem motivo aparente, ilustram tais casos. Nestes contextos pode-se ouvir os pais angustiados, sem saber como agir. Eis que surgem perguntas como: O que eu faço com o meu bebê? Por que isto está acontecendo? Será que não somos bons pais? Existe psicoterapia para bebês?

Sim. Existem inúmeros estudos científicos voltados às intervenções precoces nas relações pais-bebê. Hoje, é possível ajudar os pais a refletir sobre as causas dos sintomas e as demandas dos bebês para que ajustem a sintonia afetiva entre eles, o que promove o bem estar emocional da família. Na psicoterapia pais-bebê, trabalha-se em nível preventivo _ pois nada está pré-determinado, mas, sim, em construção _ com a perspectiva de ampliação do potencial de saúde.

E se você, pai ou mãe, de primeira ou de quinta viagem se sentir inseguro em relação a alguma disfunção ou comportamento que seu filho apresente, procure um profissional. O que está acontecendo com você, certamente está acontecendo com outras centenas de milhares de famílias. Procurar ajuda e tentar melhorar também é uma forma de demonstrar amor e afeto.

O e-mail das psicólogas é o ensino@contemporaneo.org.br e o site,
www.contemporaneo.org.br. Informações no (051) 3019-5340

http://wp.clicrbs.com.br/meufilho/2011/10/11/psicoterapia-para-bebes-isso-existe/?topo=52,1,1,,165,e165