quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Entrevista Dr. César Bastos - Caderno Bem-Estar - Zero Hora dia 11/08

União familiar pode ser um dos segredos para a superação da depressão, afirma psquiatra

Especialista explica sintomas que indicam a hora de buscar ajuda


A melhor forma de superar a depressão é contar com o apoio da família e de especialistas. Mas qual a maneira mais eficaz de os familiares ajudar efetivamente o paciente? Para o presidente do Instituto Contemporâneo de Psicanálise e Transdisciplinaridade de Porto Alegre, César Bastos, a união da família pode ser o segredo para passar por esse momento.

Para ele, a família não deve associar a doença a uma suposta falta de força de vontade do paciente e precisa acompanhar todo o processo terapêutico de perto.

— É absurdo imaginar que ao exorcizar o paciente a "reagir" ou a "ser corajoso" a família esteja ajudando. Este comportamento apenas aumenta os sentimentos de auto-reprovação que o deprimido já se auto-dirige — explica.

Para Bastos, evitar conversas francas com a pessoa deprimida ou tentar tirá-la de seu cotidiano apenas mascaram o problema e reforçam na pessoa a ideia de "incapacidade" para lidar com o problema. Segundo ele, é preciso apostar em diálogos francos, sem esquecer que a situação é um distúrbio emocional e não motivacional.

— Antigamente era comum prescrever-se passeios e viagens ao paciente, com a fantasia de que o distúrbio emocional era semelhante as "doenças de contágio", ou seja, afastando a pessoa do ambiente pretensamente responsável pela depressão, a mesma iria buscar forças e se reinventar. Isto hoje corresponde ao folclore psiquiátrico — acrescenta.

Bastos destaca ainda que o depressivo tem dificuldades e não se sente estimulado a manter hábitos e uma alimentação saudável, o que a longo prazo pode agravar ainda mais o problema.

— De forma geral, a depressão tem muito a ver com o fenômeno da agressividade, só que, ao invés desta agressividade voltar-se para fora, em direção a alguém ou a alguma situação que tenha estado presente na origem do problema, a mesma se volta "para dentro" — afirma o especialista.

Segundo o especialista, no entanto, quando, mesmo doente, a pessoa começa a apostar novamente em uma boa alimentação e a praticar exercícios físicos, ela dá sinais de que começa a se valorizar e se aceitar novamente.

Abaixo, Bastos lista alguns dos sintomas que podem indicar a hora de buscar ajuda:

— sentimentos como irritação ou entristecimento repentinos;

— sentir-se constantemente como uma pessoa perdedora ou inferior às demais;

— dificuldades para dormir, se concentrar ou perda da capacidade da memória;

— forte abatimento com alguma perda ou apenas a sensação de ter tido essa perda;

— sentir-se constantemente como uma pessoa que costuma não "dar certo" em quase nada que faz, mesmo que por um período relativamente curto de tempo.

BEM-ESTAR

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A família é o primeiro contexto que acolhe a criança após seu nascimento; tendo como função alimentá-la, protegê-la, dar-lhe apoio psicológico e afetivo para que possa se desenvolver e organizar o mundo exterior onde vai atuar e participar. É importante então compreender como o ambiente familiar afeta o desenvolvimento intelectual e o potencial para aprendizagem.
Embora supostamente as dificuldades de aprendizagem tenham uma base biológica, com freqüência é o ambiente da criança que determina a gravidade do impacto da dificuldade.
O termo “dificuldade de aprendizagem” refere-se não a um único distúrbio, mas a uma gama ampla de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho escolar.
Na maior parte do tempo, as crianças funcionam de um modo consistente com o que seria esperado de sua capacidade intelectual, de sua bagagem familiar e educacional, mas dê-lhes certos tipos de tarefas e seus cérebros parecem “congelar”.
Acabam frustrando-se tentando fazer coisas que não conseguem, desistindo de aprender e desenvolvendo estratégias para evitar qualquer movimento que possam associar a aprendizagem.
Essas crianças questionam sua própria inteligência e imaginam que não podem ser ajudadas. Muitas se sentem furiosas e põem para fora fisicamente, tal sensação; outras se tornam ansiosas e deprimidas.
Independente do comportamento, elas tendem a se isolar socialmente e, com freqüência, sofrem de solidão, bem como de baixa auto-estima.
Na família muitas vezes os pais assumem papel de ensinantes (Fernández), passando as orientações que vieram de seus pais e da sociedade, esquecendo de que as crianças têm muito a ensinar é só lhes dar oportunidade, transformando assim a educação em um processo mecânico, passando de geração para geração, sem que seus membros percebam muitas vezes a necessidade de mudança.

“A inteligência constrói em si mesma e constrói-se no vínculo com o outro, portanto a existência de um problema de aprendizagem pode deter ou alterar o seu desenvolvimento, na medida em que o pensar está aprisionado”. (Fern
ández)
Pp. Anelise Delpino
Psicopedagoga Clínica e Institucional
Coord. do Dep. Psicopedagógico do CIPT